O Sono é um fenómeno cíclico, caracterizado por uma alteração reversível do estado de consciência e da reatividade a estímulos ambientais, essencial à vida e ao equilíbrio físico e mental do ser humano. O seu controlo parece residir na região ventral-anterior do hipotálamo, mais especificamente no núcleo supraquiasmático, visto que lesões deste núcleo resultam numa desorganização dos ciclos vigília/sono, repouso/atividade, temperatura e alimentação.
A função do sono tem sido objeto de diversas teorias, que lhe atribuíam importância sobre a restituição corporal, a facilitação da função motora, a consolidação da aprendizagem e memória, não havendo, no entanto, um consenso global. Hoje em dia, a ideia de que o sono permite a renovação das energias física e mental, embora simplista, parece ser ainda a mais adequada.
O sono normal consiste em dois estados principais, com mecanismos fisiológicos distintos:
a) o sono lento, também denominado como sono NREM, sincronizado, sossegado ou tranquilo, caracterizado por um EEG em que predominam as frequências baixas, e apresentando características específicas que conduziram à sua subdivisão em fases;
b) o sono paradoxal, por vezes designado como sono REM (devido à existência de movimentos rápidos dos olhos), rápido ou dessincronizado, apresentando um EEG com pequena amplitude, sem uma frequência dominante. Este estado é ainda denominado de sono ativo ou onírico, pelo aparecimento frequente de sonhos vividos com maior ou menor intensidade.
A classificação das fases de sono atualmente mais utilizada é aquela publicada pela Academia Americana de Medicina do Sono (American Academy of Sleep Medicine – AASM) em 2007, substituindo várias, incluindo a clássica de Rechtschaffen e Kales, que datava já de 1968. As fases são atualmente definidas como:
a) vigília – fase W
b) três fases de sono lento – N1, N2 e N3, correspondendo este ao sono lento profundo (SWS – slow wave sleep)
c) sono REM – fase R
Os registos poligráficos de sono são o meio complementar mais importante no estudo e avaliação das diversas fases do sono e na deteção de alterações da sua estrutura. A sua realização compreende um eletroencefalograma, embora com um menor número de canais, electro-oculograma, electromiograma, electrocardiograma, eléctrodo respiração nasal, elétrodo respiração torácica, oxímetro, detetor de posição e de movimentos. Estes exames podem ser realizados em laboratório e, atualmente, também em casa do doente, o que se torna mais cómodo e fisiológico.
São inúmeras as situações que determinam uma perturbação do sono, sendo que a sua abordagem diagnóstica e terapêutica é geralmente multidisciplinar, envolvendo diversas especialidades.
Insónia
É a perturbação mais frequente do sono, sendo sentida por praticamente todas as pessoas nalguma fase da vida. É muitas vezes devida a stress, depressão e fármacos, mais remotamente a lesões do hipotálamo ou do tronco cerebral.
Roncopatia
O ressonar é o ruído provocado pela passagem do ar nas vias respiratórias obstruídas, durante o sono. As causas mais frequentes relacionam-se com um excessivo desenvolvimento da úvula (“campainha”) e do véu do palato, bem como com a obesidade. Trata-se de uma situação que pode atingir cerca de 30% da população adulta, sobretudo do sexo masculino e a partir dos 40 anos. Na grande maioria dos casos, o ressonar apresenta-se isolado, tornando-se uma causa de incómodo pessoal e familiar. No entanto, em cerca de 5% dos doentes este pode associar-se a pausas respiratórias durante o sono, constituindo um sintoma de apneia do sono.
Apneia do Sono
É uma situação que se caracteriza por pausas periódicas e frequentes da respiração durante o sono (superiores a 10 segundos), ressonar intenso, dores de cabeça matinais, sonolência diurna excessiva, hipertensão arterial, irritabilidade e perda de interesse sexual. Estas alterações provocam uma fragmentação do sono durante a noite, diminuindo a sua qualidade. Existem dois tipos de apneia. A apneia obstrutiva, que se relaciona com a obstrução à circulação do ar nas vias respiratórias, e a apneia central, na qual se dá uma redução do estímulo cerebral que controla a respiração.
Narcolepsia/Cataplexia
Caracterizada por sonolência diurna excessiva, quedas por adormecimento brusco, alucinações hipnagógicas e paralisia do sono.
O tratamento dos diferentes distúrbios do sono tem que ser equacionado em função de cada doente, da situação clínica e da envolvência familiar e profissional, após uma completa avaliação.
Às medidas gerais, como sejam a redução do peso excessivo e a modificação de determinados hábitos (alimentares e de sono, por exemplo), seguem-se medidas terapêuticas específicas.
Estas podem incluir medicamentos (na insónia e narcolepsia), ventilação não invasiva (na apneia do sono) e abordagens cirúrgicas (do foro de otorrinolaringologia, cirurgia maxilo-facial e estomatologia).
Ao responder a este questionário, deve considerar as suas respostas o mais coerentes possíveis, para que o resultado das mesmas possa fazer sentido. O mesmo é composto por 16 questões, as quais com uma única resposta.