A Esclerose Múltipla (ou Esclerose em Placas) é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa, que afeta o Sistema Nervoso Central. Atinge mais frequentemente os adultos jovens (entre os 20 e os 40 anos de idade), tendo uma maior incidência no sexo feminino.
Embora se conheçam bem os mecanismos envolvidos no processo patológico (inflamação mediada imunologicamente, lesando as bainhas de mielina que envolvem os axónios dos neurónios cerebrais e medulares, o que determina uma alteração da capacidade de condução dos impulsos elétricos da célula e consequente perda de função), a causa é ainda desconhecida. Existem diversas teorias, apontando para fatores genéticos, infeciosos e imunológicos, tendo ainda sido identificados alguns fatores de risco ambientais.
Não existem sinais ou sintomas típicos desta doença, pois as queixas e as alterações apresentadas pelo doente dependem da localização, extensão e grau de atividade inflamatória das diversas lesões (placas ou focos de desmielinização) existentes a nível do cérebro, cerebelo e medula espinhal, e podem determinar praticamente qualquer sintoma neurológico. A doença pode ocorrer também de formas variadas, desde surtos discretos com sintomas isolados, até formas em que os sintomas se acumulam e evoluem progressivamente. Entre cada surto é possível a remissão completa (ou quase) dos sintomas, embora em muitos doentes se identifiquem sequelas neurológicas permanentes.
Atualmente são consensualmente aceites quatro tipos de Esclerose Múltipla, dependo da forma de evolução da doença:
Esclerose Múltipla Recidivante Remitente: períodos de surto com aparecimento de sinais e sintomas, seguido de recuperação clínica espontânea ou após tratamento com corticóides; pode determinar incapacidade temporária, seguindo-se uma recuperação que pode ser integral ou não; com o aumento gradual do número de surtos a incapacidade restante vai geralmente aumentado; forma mais frequente, afetando 70 a 80% dos doentes.
Esclerose Múltipla Secundária Progressiva: ocorre num grupo de doentes que apresentaram previamente uma forma recidivante remitente, nos quais deixou de haver períodos de remissão; após um surto persistem os sinais da lesão do sistema nervoso, que podem também progredir independentemente dos surtos.
Esclerose Múltipla Primária Progressiva: esta forma da doença caracteriza-se por uma progressão desde o início da doença, por vezes com alguns períodos de surto associados a agravamento dos sintomas; alguns autores consideram que a definição pode abarcar outros doentes com formas caracterizadas por combinação de recidiva e progressão; trata-se da forma menos comum da doença.
Esclerose Múltipla Primária Recidivante: trata-se de uma forma progressiva desde o início, mas na qual se identificam surtos com recuperação total ou parcial; entre os surtos a progressão é contínua.
O diagnóstico desta doença faz-se a partir de uma suspeita clínica, baseada num conjunto de sinais e sintomas, bem como na sua evolução, com recurso a exames complementares de diagnóstico (ressonância magnética, potenciais evocados, estudo do líquor por punção lombar e análises diversas).
O tratamento da Esclerose Múltipla é multidisciplinar, abrangendo fármacos, reabilitação física e cognitiva, acompanhamento psicológico e social, psicoterapia, etc…, de modo a permitir uma melhoria da qualidade de vida do doente em todas as suas vertentes, nomeadamente ao nível das atividades de vida diária, potenciando a sua autonomia.
As terapêuticas farmacológicas aprovadas dividem-se em três categorias:
Corticosteroides (para o tratamento das fases agudas – surtos)
Imunomoduladores (que se pretendem modificadores do curso da doença)
Terapêuticas sintomáticas (para controlo da fadiga, espasticidade, dor, depressão, etc…)